Diabetes Gestacional: o que é, como afeta o bebê e como a alimentação pode ajudar
- Marina Morais
- há 1 dia
- 4 min de leitura
A diabetes gestacional é uma condição caracterizada por altos níveis de açúcar no sangue (glicemia) que se desenvolve ou é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez. Ela normalmente surge na segunda metade da gestação, quando o corpo da mulher passa por muitas transformações hormonais importantes.
Essas mudanças têm um propósito claro: garantir que o bebê receba os nutrientes de que precisa para crescer. No entanto, quando o corpo não consegue se adaptar corretamente a essas mudanças, a glicose no sangue pode se descontrolar — e isso pode afetar a mãe e o bebê de diversas maneiras.
Por que a diabetes gestacional acontece?
Durante a gestação, os hormônios placentários e o ganho de peso natural do período provocam um aumento da resistência à insulina, que é o hormônio responsável por permitir que a glicose entre nas células.
Normalmente, o corpo compensa isso produzindo até três vezes mais insulina do que o normal. É por isso, inclusive, que a glicemia costuma ficar cerca de 20% mais baixa durante a gravidez — o corpo se adapta!
Mas quando essa adaptação não é suficiente, a glicemia sobe. E é aí que temos o diagnóstico da diabetes gestacional.
Quais os riscos da glicemia alta para o bebê?
Glicose alta na gestação é mais do que um número alterado: ela representa riscos reais e sérios para o desenvolvimento do bebê.
Se a glicose da mãe está alta, o pâncreas do bebê precisa trabalhar mais para compensar isso e acaba secretando grandes quantidades de insulina. Isso pode causar o acúmulo de gordura corporal e levar ao nascimento de um bebê GIG (grande para a idade gestacional).
Bebês GIG podem apresentar:
Partos difíceis;
Lesões de nascença, como alongamento de nervos nos ombros e até fraturas;
Baixa pontuação no teste de Apgar;
Asfixia perinatal, causada pela redução do fluxo de sangue antes ou durante o parto;
Aspiração de mecônio (primeiras fezes do bebê);
Síndrome da angústia respiratória ou taquipneia transitória (mesmo em bebês que não são prematuros);
Aumento anormal de glóbulos vermelhos.
Além disso, ao nascer, esses bebês podem apresentar hipoglicemia. Isso acontece porque, ao cortar o cordão umbilical, o bebê para de receber o excesso de açúcar vindo da mãe, mas continua com uma quantidade alta de insulina no sangue.
E os impactos a longo prazo?
Os riscos não param no parto.
Um bebê exposto a altos níveis de glicose no útero pode ter genes ativados que o predispõem à obesidade, diabetes e problemas cardíacos ao longo da vida. Estudos mostram que filhos de mães com diabetes gestacional têm 6 vezes mais chance de desenvolver obesidade e diabetes ainda na adolescência.
Como evitar ou controlar a diabetes gestacional?
A boa notícia é que há muito o que fazer para prevenir e controlar a diabetes gestacional com estratégias acessíveis e naturais. A alimentação tem papel central nesse cuidado, mas não está sozinha. Veja abaixo:
✅ O que fazer para prevenir:
Coma proteínas de forma adequada, principalmente no início da gestação, pois isso ajuda nas adaptações do pâncreas;
Diminua o consumo de açúcares e carboidratos refinados;
Evite o ganho de peso excessivo antes e durante a gravidez;
Garanta um bom consumo de magnésio — gestantes com deficiência desse mineral têm maior risco de desenvolver diabetes gestacional.
✅ O que fazer após o diagnóstico:
Tenha uma alimentação variada e equilibrada, priorizando carboidratos de baixo índice glicêmico;
Monitore sua glicose em jejum e de 1 a 2 horas após as refeições para entender como seu corpo reage aos alimentos;
Se a glicose estiver alta após as refeições, é sinal de excesso de carboidratos ou de necessidade de ajustar os acompanhamentos (por exemplo, aumentando proteínas e gorduras saudáveis);
Pratique atividades físicas regularmente, com orientação adequada — isso ajuda a reduzir a resistência à insulina e pode até evitar a necessidade de medicamentos.
Exemplo de Cardápio para Diabetes Gestacional
Abaixo, compartilho um exemplo de cardápio completo de um dia, criado com muito carinho dentro do programa Mamãe Leve, pensado para equilibrar os níveis de glicose e fornecer todos os nutrientes que a gestante e o bebê precisam:
🍳 Café da Manhã
Ovos mexidos com queijo e tomate
Batata doce cozida
Fruta (como maçã ou mamão)
🥕 Lanche da Manhã
Fruta com castanhas (como pera com nozes)
Cenouras e pepinos com homus
Queijo minas
🥗 Almoço
Kafta (enriquecida com patê de fígado, fonte de ferro e vitaminas)
Babaganoush (pasta de berinjela assada)
Salada de folhas verdes, tomate, pepino, hortelã e coalhada seca
Arroz com lentilhas (combinação que fornece energia estável e fibras)
🌮 Lanche da Tarde
Wrap de alface recheado com guacamole e frango desfiado
Fruta (como morangos ou fatias de melão)
🍝 Jantar
Macarrão de abobrinha
Almôndegas de carne moída
Molho de tomate natural
🍧 Ceia
Sorbet natural de frutas vermelhas (sem açúcar adicionado) - receita no vídeo abaixo (do instagram)
A diabetes gestacional é séria, mas com informação, cuidado e orientação adequada, é possível ter uma gestação saudável e um bebê protegido. A alimentação é uma aliada poderosa nesse processo — e não precisa ser complicada, nem sem graça.
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